Desde o final de 1800, os adoçantes não nutritivos prometem fornecer toda a doçura do açúcar sem nenhuma caloria. Há muito tempo acreditava-se que esses substitutos ao açúcar não teriam efeito significativo na saúde humana. No entanto algumas pesquisas vêm mostrando que não é bem assim.
Recentemente foi publicado na revista Cell um estudo que descobriu que alguns destes adoçantes podem modificar as bactérias do intestino de uma forma que pode alterar os níveis de açúcar no sangue.
Os pesquisadores entrevistaram 1300 indivíduos para selecionar aqueles que evitaram estritamente adoçantes não nutritivos no seu dia a dia, destes, foram identificados 120 participantes. Estes foram divididos em seis grupos: dois controles e quatro que ingeriram doses bem baixa de aspartame, sacarina, estévia ou sucralose.
Entre os indivíduos que consumiram os adoçantes foi possível identificar mudanças muito distintas na composição e função das bactérias intestinais e das moléculas que elas secretam no sangue periférico. Segundo os autores, isso sugere que os micróbios intestinais no corpo humano são bastante responsivos a cada um desses adoçantes.
Em relação aos adoçantes sacarina e sucralose, houve impacto significativo na tolerância à glicose em adultos saudáveis. Curiosamente as mudanças na microbiota foram altamente correlacionadas com alterações observadas nas respostas glicêmicas dos indivíduos.
Para estabelecer a causalidade, ou seja, condição de causa e efeito, os pesquisadores transferiram amostras microbianas dos sujeitos do estudo para camundongos livres de germes, ou seja, estes animais foram criados em condições completamente estéreis e não têm microbioma próprio. Quando transferido o microbioma dos indivíduos que consumiram os adoçantes não nutritivos aos camundongos, estes desenvolveram alterações glicêmicas, parecidos com a resposta de seus doadores.
Os autores concluíram que os consumos de adoçantes não nutritivos podem, às vezes, induzir mudanças glicêmicas nos consumidores de maneira bem individualizada, pois nossa microbiota é influenciada fortemente pela dieta que ingerimos, além disso, o estudo mostra que os adoçantes não nutritivos podem não ser totalmente inócuo a saúde humana.
Referência:
SUEZ, Jotham. et al. Personalized microbiome-driven effects of non-nutritive sweeteners on human glucose tolerance. Science Direct. Cell, Volume 185, Issue 18, 1 September 2022, Pages 3282-3284. https://doi.org/10.1016/j.cell.2022.07.016.
(https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0092867422009199). Acesso em: 4 abril 2023.
Como referenciar este post?
MACHIAVELLI, Sabrina Kaely. Adoçantes artificiais podem afetar a microbiota intestinal. Post 431. Nutrição Atenta.
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