A constipação intestinal é um sintoma bastante comum na população em geral. É definida como fezes endurecidas, evacuações incompletas, esforço ao defecar, desconforto e distensão abdominal.1
Na visão clínica, os critérios de Roma III são utilizados para diagnosticar a constipação. Nesse sentido, são necessários a presença de pelo menos dois dos seis seguintes sintomas: esforço, fezes irregulares, sensação de evacuação incompleta, sensação de obstrução anorretal/bloqueio, manobras manuais para facilitar a evacuação, e menos de três evacuações por semana. Devem ser associados ao período de surgimento desses sintomas que devem aparecer em um quarto das evacuações, durante seis meses.2
Cabe ressaltar que, alguns autores orientam não aplicar esses critérios no período gestacional, em razão de o período de seis meses de ocorrência dos sintomas ser proporcionalmente longo quando comparado à duração da gestação.
Dentre os fatores relacionados a essa doença estão: a predisposição, genética, idade, baixo nível socioeconômico, baixo consumo de fibras, ingestão adequada de líquidos, inatividade física, sedentarismo, distúrbio no equilíbrio hormonal, efeitos colaterais de medicamentos ou anatomia do corpo.3
Durante a gravidez, a constipação, também conhecida como prisão de ventre, é um problema comum em razão das alterações hormonais associadas aos efeitos físicos(crescimento do útero), ao estilo de vida (dietas pobres em fibras, baixa ingestão de líquidos, uso de suplemento de ferro).4-5
O aumento de progesterona no corpo associado a redução de atividade física na gravidez, contribuem para aumentar o problema da constipação nas gestantes.6 Um outro fator que colabora para o surgimento dessa patologia é a presença de altos níveis de estresses decorrentes das alterações hormonais prejudicando a saúde mental e o bem-estar das gestantes.7
A prevenção da constipação na gravidez passa pela melhora dos hábitos alimentares e do estilo de vida, pois estudos constataram que a constipação está relacionada aos maus hábitos alimentares, inclusive a falta de ingestão de fibras e o consumo de água.8
O consumo de fibras recomendado para adultos saudáveis é de 25 a 30g por dia, mas para gestantes é de 28g por dia9, bem como os estudos mostraram que as gestantes que fizeram acompanhamento nutricional conseguiram chegar a níveis próximos do consumo recomendado de fibras.10
O tratamento da constipação, seja na gestação ou em outra fase da vida, inclui além de orientações nutricionais, pois o nutricionista é o profissional mais habilitado para dar o suporte com relação à mudanças dos hábitos alimentares, de forma a prevenir e tratar essa patologia, bem como a prática de atividade física, e um acompanhamento médico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1.Cullen G, O’Donoghue. D. Constipation and pregnancy. Best Pract Res Clin Gastroenterol. 2007;21(5):807-18
2. Longstreth GF, Thompson WG, Chey WD, Houghton LA, Mearin F, Spiller RC. Functional bowel disorders. Gastroenterol. 2006;130(5):1480-91.
3. Forootan, M., Bagheri, N., & Darvishi, M. (2018).
4. (Wang, et al., 2020). Wang, M. D. et al. (2020). Tratamento do íleo induzido por constipação de trânsito lento durante a gravidez por colectomia com anastomose ileorretal. Medicina, 28(2), 241-245. https://www.scielo.br/j/rbc/a/MF8vDfsKfrQvZLDWmY9ywgC/?lang=pt&format=pdf
5.Mulholland CA, Benford DJ. What is known about thesafety of multivitaminmultimineral supplements for thegenerally healthy population? Theoretical basis for harm. AmJ Clin Nutr. 2007;85(1):318-22. 9. Klug WA; Aguida HAC; Ortiz JA; Fang CB; Capelhuchnik P. Alteração das pressões anais na gravidez. Rev Bras Coloproct, 2007;27(2):196-201.
6. Shi W et al (2015). Epidemiologia e fatores de risco de constipação funcional em mulheres grávidas. PloS one, 10 (7), e0133521. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0133521.
7. Forootan, M., Bagheri, N., & Darvishi, M. (2018).
8. Derbyshire E, Davies J, Costarelli V, Dettmar P. Diet, physical inactivity and the prevalence of constipationthroughout and after pregnancy. Matern Child Nutr. 2006;2(3):127-34.
9. Derbyshire E, Davies J, Costarelli V, Dettmar P. Diet, physical inactivity and the prevalence of constipationthroughout and after pregnancy. Matern Child Nutr. 2006;2(3):127-34.
10. (Buss C, Nunes MA, Camey S, Manzolli P, Soares RM, Drehmer M, et al. Dietary fibre intake of pregnant womenattending general practices in southern Brazil - the ECCAGE Study. Public Health Nutr. 2009;12(9):1392-8.)
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TORQUATO, Cláudia Scorsafava. Constipação na gestação: como prevenir e tratar?. Post 648. Nutrição Atenta. 2024.
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