Um estudo envolvendo 2377 pares de mulheres grávidas e seus descendentes na Espanha no período de 2004 a 2008 avaliou a associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) na gravidez e o neurodesenvolvimento infantil. A ingestão alimentar foi estimada usando um questionário de frequência alimentar de 101 itens no terceiro trimestre de gravidez.
A classificação NOVA (alimentos categorizados em in natura, minimamente processados, processados, ultraprocessados e ingredientes culinários) foi utilizada para identificar os AUPs, e seu consumo foi calculado como a porcentagem diária do consumo total de alimentos e categorizado em tercis. O desenvolvimento neuropsicológico infantil foi avaliado com as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil (1 ano de idade, n = 1929) e as Escalas McCarthy de Habilidades Infantis (4-5 anos, n = 1679). Associações potenciais foram analisadas usando modelos de regressão linear multivariada ajustados para uma série de características familiares e da criança.
O consumo de AUP entre as gestantes representou em média 17% da dieta total, sendo as bebidas açucaradas o tipo de AUP mais consumido (40%). Crianças nascidas de mães no tercil mais alto de consumo de AUP (28,9% ou mais da dieta total) versus o tercil mais baixo (7,2% ou menos), apresentaram uma pontuação mais baixa na Escala Verbal, sugerindo assim uma associação adversa entre o consumo materno de AUP durante a gravidez e o funcionamento verbal na primeira infância, que é um importante domínio cognitivo do neurodesenvolvimento.
O consumo materno de alimentos ultraprocessados (AUP) durante a gravidez pode afetar negativamente o desenvolvimento infantil. O consumo de bebidas açucaradas (como sucos de caixinha, refrigerantes e outras bebidas (ultraprocessadas) na gravidez tem sido associado à disfunção cognitiva infantil na população em geral. Tendo em vista o resultado desta pesquisa e a ampla investigação sendo realizada acerca do consumo de ultraprocessados, vale a pena seguir as recomendações do nosso Guia Alimentar Brasileiro, evitar o consumo desta categoria de alimentos, priorizando assim os in natura e minimamente processados.
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Referência:
Puig-Vallverdú J, Romaguera D, Fernández-Barrés S, Gignac F, Ibarluzea J, Santa-Maria L, Llop S, Gonzalez S, Vioque J, Riaño-Galán I, Fernández-Tardón G, Pinar A, Turner MC, Arija V, Salas-Savadó J, Vrijheid M, Julvez J. The association between maternal ultra-processed food consumption during pregnancy and child neuropsychological development: A population-based birth cohort study. Clin Nutr. 2022 Oct;41(10):2275-2283. doi: 10.1016/j.clnu.2022.08.005. Epub 2022 Aug 19. PMID: 36087519.
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MACHIAVELLI, Sabrina. Existe relação entre o consumo materno de alimentos ultraprocessados e neurodesenvolvimento infantil Post 341. Nutrição Atenta. 2022.
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