Nutrição e lipedema: entre evidências e mitos
- Sabrina Kaely
- 18 de abr.
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O lipedema é reconhecido como uma doença crônica e sistêmica, o que significa que se trata de uma condição de linga duração que afeta vários sistemas do corpo. Como uma doença crônica, o lipedema exige um manejo contínuo e pode ter um curso progressivo, frequentemente levando ao aumento do tecido adiposo e a sintomas associados, como dor, sensibilidade e inchaço. A natureza sistema do lipedema indica que, embora os sintomas sejam mais visíveis nos membros inferiores, os efeitos da doença podem ser mais abrangentes, possivelmente impactando os sistemas circulatórios e linfático e contribuindo para uma inflamação crônica no corpo. Há evidências que apontam para um componente hereditário no lipedema, além de elementos ambientais e estilo de vida.
A patogênese do lipedema é multifatorial, a inflamação, as alterações hormonais e o aumento do fluido extracelular no tecido adiposo são fatores identificados como contribuintes para a patogênese. Adicionalmente, a disfunção no sistema microvascular pode desempenhar um papel central no desenvolvimento da condição. Embora o lipedema não seja causando pela obesidade, e vice-versa, a obesidade pode exacerbar os sintomas do lipedema e até desencadear sua manifestação em indivíduos predispostos.
A nutrição pode desempenhar um papel fundamental no manejo do lipedema, tendo um impacto direto na capacidade dos pacientes de gerenciar o peso e otimizar a saúde geral. Uma dieta baseada em alimentos innatura e minimamente processados, como verduras, frutas, leguminosas, azeite, peixes, contribuem para o controle da inflamação crônica, por outro lado, uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, carboidratos refinados, comidas prontas de micro-ondas, temperos artificiais e carnes processadas, aumentam o efeito da inflamação.
Além disso, a deficiência de vitamina D é frequentemente encontrada em mulheres com lipedema. A vitamina D é um micronutriente com múltiplas funções biológicas, incluindo a modulação do sistema imunológico e da inflamação, portanto, a monitorização e a suplementação, quando diagnosticada a deficiência, são essenciais para garantir saúde óssea e possivelmente influenciar positivamente a progressão do lipedema. É importante destacar que não existem evidências científicas que comprovem a eficácia de protocolos alimentares específicos para o controle do lipedema, como as chamadas dietas “anti-inflamatórias” ou a dieta cetogênica. Além disso, não há uma especialização reconhecida na área de nutrição voltada exclusivamente para o lipedema — o título de “especialista em lipedema” frequentemente encontrado em redes sociais, não possui respaldo oficial. A alimentação pode, sim, auxiliar no manejo e controle dos sintomas, mas não é capaz de solucionar diretamente essa condição.
Fonte:
AMATO, A. C. M. et al. Consenso Brasileiro de Lipedema pela metodologia Delphi. Jornal Vascular Brasileiro, 2025; 24e20230183 https://doi.org/10.1590/1677-5449.202301831.
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MACHIAVELLI, Sabrina Kaely Vital. Nutrição e lipedema: entre evidências e mitos. Post 738. Nutrição Atenta. 2025.