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Qual é a diferença entre kefir e kombucha?

Atualizado: há 14 minutos


A diferença entre kefir e kombucha está relacionada aos ingredientes, processos de fermentação e perfis microbiológicos. Ambas são bebidas fermentadas com propriedades probióticas, mas apresentam características distintas.


🥛 Kefir

O kefir é uma bebida fermentada originária das montanhas do Cáucaso, tradicionalmente feita a partir do leite de vaca, cabra ou ovelha, embora também possa ser preparado com leite vegetal ou água açucarada. A fermentação é realizada por uma colônia simbiótica de bactérias e leveduras, conhecida como "grãos de kefir". Esses grãos contêm microrganismos como Lactobacillus, Bifidobacterium, Streptococcus e diversas leveduras, como Saccharomyces cerevisiae e Kluyveromyces marxianus.

O kefir é reconhecido por seus benefícios à saúde, incluindo efeitos antimicrobianos, melhora na absorção de cálcio, auxílio na digestão e redução da intolerância à lactose. Além disso, apresenta propriedades anti-inflamatórias, antialérgicas e anticancerígenas .


🍵 Kombucha

A kombucha é uma bebida fermentada a partir de chá adoçado, geralmente chá preto ou verde, e uma cultura simbiótica de bactérias e leveduras conhecida como SCOBY (Symbiotic Culture Of Bacteria and Yeast). A fermentação ocorre por um período de 7 a 14 dias, resultando em uma bebida levemente ácida, efervescente e com baixo teor alcoólico.

A kombucha é consumida por suas propriedades probióticas, que podem auxiliar na saúde intestinal e no fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, é rica em compostos bioativos como ácidos orgânicos, polifenóis e vitaminas do complexo B.


Quadro 1- Características das bebidas.

Característica

Kefir

Kombucha

Ingrediente base

Leite ou água açucarada

Chá adoçado

Cultura de fermentação

Grãos de kefir (bactérias e leveduras)

SCOBY (bactérias e leveduras)

Tempo de fermentação

24 a 72 horas

7 a 14 dias

Teor alcoólico

Menos de 1%

Geralmente abaixo de 0,5%

Propriedades principais

Melhora na digestão, absorção de cálcio, efeitos antimicrobianos

Saúde intestinal, fortalecimento imunológico, compostos bioativos

Ambas as bebidas oferecem benefícios à saúde, mas suas diferenças em ingredientes e processos de fermentação resultam em perfis microbiológicos e efeitos distintos. A escolha entre kefir e kombucha pode depender das preferências pessoais e dos objetivos de saúde individuais.


Dentre os diversos benefícios estão:


Doenças inflamatórias do trato digestório

Doenças inflamatórias como úlcera, colites e doença de Crohn apresentam em seu quadro sintomatológico o desequilíbrio do funcionamento do intestino e a inflamação da mucosa. Os probióticos não curam a doença inflamatória, mas prolongam o período de remissão da doença, reduzem a frequência de incidência de quadros inflamatórios e diminuem o consumo de corticoesteroides, melhorando, dessa forma, a qualidade de vida dos pacientes (Mulder et al., 2014).


Infecção por Helicobacter pylori

Os probióticos não possuem a propriedade de erradicar o H. pylori, mas reduzem o aparecimento de bactérias em pacientes infectados por esse microrganismo. Pesquisas em humanos comprovaram o efeito salutar da ingestão de Lactobacillus casei Shirota e L. acidophilus, os quais reduziram o crescimento da bactéria patogênica (Shah, 2007). Em outra pesquisa in vivo, foi demonstrado também que o pré-tratamento com probióticos pode reduzir substancialmente a infecção por H. pylori e que, portanto, eles podem ser usados como terapia profilática em infecções por essa bactéria (Francavilla et al., 2008). Assim, o consumo regular de alimentos probióticos pode ser favorável no combate à infecção por H. pylori em seres humanos principalmente pelo fato de esses alimentos exercerem um efeito bactericida por meio da liberação de ácidos orgânicos que impedem a aderência dessa bactéria às células epiteliais.


Imunidade e alergias

Certos produtos probióticos têm sido utilizados na prevenção e na terapia da alergia. Isso ocorre porque probióticos acionam o sistema imune e, portanto, ajudam na proteção e no tratamento dessas doenças (Vandenbulcke et al., 2006; Butel, 2014; Fiocchi et al., 2015). Também exercem efeitos de reforço imunológico, aumentando tanto as respostas inespecíficas quanto as respostas específicas imunes do hospedeiro. Eles são capazes de melhorar a função imune defeituosa por estimulação das citocinas, que desempenham um suposto efeito supressivo sobre a resposta imune antígeno-específica (Santiago-López et al., 2015).

Estudos relatam o desenvolvimento de doenças alérgicas a partir do desequilíbrio na relação de linfócitos Th1/Th2 em favor da linhagem Th2 (Fölster-Holst et al., 2009). Os probióticos promovem o desvio da resposta imune para o perfil Th1, promovendo a redução de doenças alérgicas devido à produção de citocinas, que aumentam a ativação de macrófagos. A atuação no sistema imunológico ocorre devido à ativação dos macrófagos, já que eles, uma vez ativados, apresentam maior eficiência para fagocitar bactérias e eliminar organismos invasores (Budiño, 2007).


Carcinogênese

Os probióticos apresentam efeitos benéficos sobre a toxicidade da terapia anticâncer, pois ajudam a fortalecer a homeostase. Assim, reduzem os efeitos colaterais associados ao tratamento da doença. Eles atuam estimulando a resposta imune do hospedeiro, degradando compostos com potencial carcinogênico. Além do mais, promovem alterações na microbiota intestinal relacionadas com a produção de promotores do câncer (degradação de ácidos biliares) e com a produção de compostos anticarcinogênicos (Mego et al., 2013; Kumar et al., 2015).

O efeito anticarcinogênico das bactérias probióticas é resultante da remoção de fontes pró-carcinogênicas, como as enzimas que conduzem à sua formação (por exemplo, a beta-glucoronidase). Elas melhoram o equilíbrio da microflora, pois regularizam a permeabilidade intestinal (induzindo a prevenção ou a inibição da absorção de toxinas), estreitando o mecanismo da barreira intestinal ao ativar fatores celulares não específicos. A administração oral de Bifidobacterium está relacionada ao aumento da produção de anticorpos IgA (imunoglobulina A) e ao estímulo do funcionamento das células da placa de Peyer (placas de Peyer são acúmulos de tecido linfoide presentes na mucosa e na submucosa do intestino delgado, geralmente no íleo) (Shah, 2007; Kumar, 2015).


Câncer de cólon

O câncer de cólon ocorre devido a mutações somáticas que se acumulam com o passar dos anos. Pesquisas indicam que as aminas aromáticas heterocíclicas, caracterizadas por serem substâncias carcinógenas, promovem um risco potencial na formação do câncer de cólon. O consumo de probióticos apresenta como vantagem a degradação de tais substâncias prejudiciais à saúde. Seus principais mecanismos podem ser visualizados na


Fig. 1 - Efeitos modulatórios dos probióticos sobre o câncer de cólon.

Fonte: adaptado de Kaur, Chopra e Saini (2002).


Estudos in vitro demonstraram que a parede celular de bactérias ácido-lácticas pode ligar-se com aminas heterocíclicas (Heyman; Menard, 2002). Além do mais, há evidências de que alguns probióticos produzem ácido butírico, e essa molécula pode influenciar a taxa de apoptose em enterócitos. Probióticos também neutralizam a atividade de mutagênicos como o 4-nitroquinolina-N-óxido, o 2-nitrofluoreno e o benzopireno (Wollowski; Rechkemmer; Pool-Zobel, 2001). Também podem reduzir a concentração fecal de enzimas, mutagênicos e sais biliares secundários que podem estar envolvidos na carcinogênese (Dallal et al., 2015).


Hipercolesterolemia


A hipercolesterolemia, caracterizada pelo aumento do colesterol sanguíneo, é uma enfermidade que está associada ao aumento da prevalência de doenças coronarianas e representa uma das maiores causas de morte no mundo. Efeitos de redução do colesterol por bactérias ácido-lácticas (Streptococcus, Lactobacillus e Bifidobacterium) ocorrem porque o colesterol, sendo um componente de membranas celulares e de células nervosas, é também um precursor dos ácidos biliares. As bactérias benéficas apresentam a capacidade de desconjugar os ácidos biliares, aumentando, assim, a excreção do colesterol nas fezes.


Referências bibliográficas


SALGADO, Jocelem. Alimentos Funcionais . Porto Alegre: Oficina de Texto, 2025. E-book. pág.76. ISBN 9788579752896. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788579752896/. Acesso em: 10 de maio. 2025.


WIKIPIDEA. KEFIR. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Kefir?utm_source=chatgpt.com. Acesso em: 10 maio 2025.


Como referenciar este post?

CINTRA, Patricia. Qual é a diferença entre kefir e kombucha?. Post 751. Nutrição Atenta. 2025.

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