A gestação é um momento de alegria, mas também de muitas preocupações e ansiedades para a futura mamãe, por haver inúmeras transformações no organismo, além de alterações emocionais e comportamentais.
O período gestacional requer cuidados desde a concepção, mas durante a gestação o peso e a alimentação, ganham destaques especiais por impactar diretamente no estado nutricional da mãe e do feto.
Proporcionar uma alimentação variada, rica em frutas, verduras, carboidratos complexos, proteínas de alto valor biológico e gorduras poli-insaturadas, além de corrigir as deficiências nutricionais e evitar bebidas alcoólicas, tabagismo e drogas ilícitas pode promover excelentes benefícios para saúde materna e de seu filho.
Nesse sentido as recomendações nutricionais e energéticas, devido ao elevado e intenso metabolismo basal no período gestacional estão aumentadas, necessitando, portanto, de atenção por parte da gestante.
As demandas energéticas e nutricionais variam de acordo com o trimestre que a gestante se encontra. A energia adicional oferecida a gestantes é necessária para promover o adequado ganho de peso gestacional, assim como para garantir o desenvolvimento fetal, da placenta, dos tecidos de forma a atender as demandas metabólicas, assim como garantir reservas energéticas para o período de lactação.
Segundo as diretrizes, o adicional de energia que a grávida deve ingerir está associado à idade gestacional-IG e ao trimestre em que a grávida se encontra, conforme tabela abaixo.
Com relação aos macronutrientes, por haver uma maior demanda de proteínas e gorduras no segundo e terceiro trimestres, as diretrizes orientam que a ingestão de gorduras seja em torno de 20 a 35% do Valor energético total-VET, desse total 1,4g/dia deve conter gordura como ômega-3 e 13g/dia de ômega-6. Já para as proteínas, a recomendação é de 71g/dia segundo a ANVISA. Para carboidratos a ingestão é de 175g/dia ou podendo corresponder a um percentual de 45% a 65% do VET. Para as fibras, a recomendação é de 28g/dia, estimulando a ingestão de hortaliças, frutas e alimentos integrais.
Para gestantes gemelares, as recomendações energéticas e de macronutrientes, de acordo com estado nutricional são os seguintes:
No que se refere aos micronutrientes, estudos comprovam que a combinação de macro e micronutriente tem sido uma forma de se obter benefícios múltiplos para as gestantes e seus bebês. As recomendações para gestante tanto de feto único como gemelar, são as mesmas no que se refere aos micronutrientes. Embora todos os micronutriente são de grande importância nesse período, alguns tem recebido uma atenção maior, como o folato, cálcio, ferre, zinco, vitaminas A,C,E e D.
O folato é de importância ímpar na gestação, devendo-se observar a ingestão adequada, visto baixa a ingestão desse nutriente tem sido associado a parto prematuro, baixo peso ao nascer, defeitos no tubo neural, descolamento de placenta e outros. As vitaminas como a K, C, A e E são igualmente importantes para o crescimento e desenvolvimento fetal e placentário.
Com relação aos minerais Cálcio e ferro esses são também devem ter uma atenção especial, pois a absorção intestinal do cálcio é aumentada em torno 50% no 2º trimestre, havendo na gestação uma transferência muito grande (300g) de cálcio da mãe para o feto. Estudos afirmam que a baixa ingestão de cálcio na gestação pode ser fator de risco para pré-eclâmpsia. Assim é importante incluir alimentos ricos em cálcio como leites e derivados, brócolis, couve, grão-de-bico e outros.
Com relação ao ferro, esse é um mineral crítico na gestação, pois durante esse período são necessários aproximadamente de 600 a 800mg, desse total quase 300g são destinados ao feto, 25mg para a placenta e o restante para o aumento de volume de glóbulos vermelhos. Até o primeiro trimestre a demanda não é significativa, mas a partir do 2º trimestre há necessidade de suplementação, pois a alimentação não é suficiente para suprir essa demanda.
Assim, o acompanhamento de um nutricionista durante o período gestacional é de importância ímpar, em razão de que, apesar de não estar bem esclarecido como o estado nutricional da mãe influencia do feto, estudos comprovam deficiência nutricional materna pode comprometer o desenvolvimento fetal e doenças na fase adulta.
No próximo post vamos conversar sobre alguns problemas comuns que ocorrem no inicio da gestação e como é feito o seu manejo.
Fonte: MARQUES, N. et al. Nutrição Funcional da Fertilidade à gestação, 2018. VASCONCELOS, et al. Nutrição Clínica: obstetrícia e pediatria. SILVA, S. M. C., D’ARC, J. Tratado de Alimentação, nutrição e dietoterapia, 2016.
Como referenciar esse post?
SCORSAFAVAFA, Claudia. Recomendações Nutricionais na Gestação. Post 181. Nutrição Atenta. 2021