Autora: Rhaysa Vido -graduanda em nutrição pelo Centro Universitário Unigran Capital.
O TDAH é uma síndrome heterogênica, de etiologia multifatorial, dependente de fatores genéticos-familiares, adversidades biológicas e psicossociais, caracterizada pela presença de um desempenho inapropriado nos mecanismos que regulam a atenção, a reflexibilidade e a atividade motora. Seu início é precoce, sua evolução tende a ser crônica, sem repercussões significativas no funcionamento do sujeito em diversos contextos de sua vida.
Caracterizado pelos sintomas de déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade, esse transtorno pode ser classificado em quatro tipos:
• tipo desatento: não enxerga detalhes, faz erros por falta de cuidado, apresenta dificuldade em manter a atenção, parece não ouvir, tem dificuldade em seguir instruções, desorganização, evita/não gosta de tarefas que exigem um esforço mental prolongado, distrai-se com facilidade, esquece atividades diárias;
• tipo hiperativo/ impulsivo: inquietação, mexer as mãos e os pés, remexer-se na cadeira, dificuldade em permanecer sentada, corre sem destino, sobe nos móveis ou muros, dificuldade em engajar-se numa atividade silenciosamente, fala excessivamente, responde perguntas antes delas serem formuladas, interrompem assuntos que estão sendo discutidos e se intrometem nas conversas;
• tipo combinado: quando o indivíduo apresenta os dois conjuntos de critérios desatento e hiperativo/impulsivo;
• tipo não específico: quando as características apresentadas são insuficientes para se chegar a um diagnóstico completo, apesar dos sintomas desequilibrarem a rotina diária.
É o transtorno neuropsiquiátrico mais diagnosticado na infância, persistindo até a idade adulta em torno de 60 a 70% dos casos. Acomete aproximadamente de 3 a 5% das crianças, sendo mais usualmente encontrado em meninos do que meninas, numa proporção de 3:15.
Muitos indivíduos que lutam com TDAH geralmente exibem irregularidade com o sentido interoceptivo, que é como o cérebro interpreta os sinais e dicas do resto do corpo. Isso reflete diretamente na fome/saciedade, de modo que se torna cada vez mais difícil o indivíduo reconhecer se está com fome, o quanto é suficiente comer pra suprir suas necessidades. Nota-se também o desenvolvimento de algumas aversões alimentares seja temporária ou permanente.
A sensibilidade alimentar está entre as consequências decorrentes do transtorno, os cheiros, sabores e texturas podem ser um tanto quanto diferente pra uma pessoa com TDAH, devido a sensibilidade aflorada, por isso em alguns contextos seja notável uma restrição, rejeição de alimentos diversos.
Uma das características mais marcantes do TDAH é a desatenção e a impulsividade, estas juntamente com o transtorno, auxiliam de forma negativa para que o indivíduo tenha uma qualidade alimentar.
Contudo, horários pré estabelecidos, e um bom planejamento alimentar é excelente alternativa para se ter sucesso no processo do desenvolvimento de hábitos saudáveis.
O TDAH pode muitas vezes ser a raiz do problema para os comportamentos de transtorno alimentar, e o tratamento para o TDAH pode ajudar a aliviar os sintomas relacionados ao transtorno alimentar.
Os transtornos alimentares não se referem apenas à comida, mas estão fortemente associados a um gatilho ou transtorno alternativo, como o TDAH, e o tratamento do transtorno pode ajudar a tratar o transtorno alimentar em questão.
A influência da ingestão alimentar no comportamento de crianças com TDAH já era descrita no início do século XX e, desde então, estudos mostram que a nutrição é um forte mediador e/ou moderador dos sintomas de TDAH.
A manipulação dietética pode influenciar os sintomas desta condição tanto por eliminação de componentes alimentares quanto por suplementação de nutrientes específicos.
Dentre os alimentos mais associados aos sintomas, destacam-se: leite e derivados, milho, trigo, cacau, ovo, páprica, especiarias, ameixa, aveia, tomate, brócolis, melancia, manga, laranja, soja, leites sem lactose, cafeína, fermento, glutamato, amendoim, dentre outros. Intervenções alternativas também consideram exclusão de corantes alimentares artificiais, e sugerem que a hipersensibilidade pode ser alérgica (mediado por IgE) ou não.
Planos alimentares adequados podem otimizar as funções cerebrais utilizando vitaminas, minerais e ácidos graxos.
TDAH é um transtorno que vai muito além da individualidade de cada paciente, quando o comprometimento psicossocial é grave, além de orientação para os pais ou cuidadores, uma intervenção direta com a criança ou adolescente pode ser indispensável. Entretanto, a orientação dos pais é um componente frequentemente incluído no atendimento de portadores do TDAH.
As intervenções baseadas na família são consideradas eficientes para auxiliar inclusive no manejo de problemas associados ao TDAH, como depressão e ansiedade.
A orientação aos pais visa facilitar o convívio familiar, ajudar a entender o comportamento do portador de TDAH e ensinar técnicas para manejo dos sintomas e prevenção de futuros problemas.
REFERÊNCIAS:
Desidério, Rosimeire C. S.; Miyazaki Maria Cristina de O. S. Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH): orientações para a família. Psicol. Esc. Educ. 11, Jun 2007; disponível em: https://www.scielo.br/j/pee/a/G4mGnPctSwHkLZgMn8hZs7b/?lang=pt
Seno, Marília Piazzi. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH): o que os educadores sabem? Rev. psicopedag. vol.27 no.84 São Paulo 2010, disponível em: https://institutodeneurociencias.com.br/tdah-e-transtornos-alimentares/
Como referenciar este post?
VIDO, Rhaysa. Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), entenda o que é. Post 488. Nutrição Atenta. 2023,
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