Autora: Rhaysa Vido - Graduanda em Nutrição pela Unigran Capital.
Muito se fala em atividade física como aliada da saúde física e mental, além de contribuir na parte social e comportamental dos praticantes. Seus benefícios são de suma importância tanto a curto quanto a longo prazo, contudo na contra mão da prática de atividades físicas de modo consciente, controlado e saudável, temos a prática dessas atividades de maneira distorcidas e até prejudiciais indiretamente, como quando a atividade física está associada aos transtornos alimentares.
Sabe-se que os transtornos alimentares quase que em sua maioria tem origem psicológica em correlação com a auto imagem, hoje ditada de modo discricionário pelo meio de convivência, mídia, sociedade e afins. Fato esse que traz mais pessoas com transtornos alimentares (TA) adeptos da atividade física a se movimentar descompensadamente.
No livro Transtornos Alimentares e Nutrição da Prevenção ao Tratamento os autores pontuam: “a atividade física atua a favor da doença, para compensar, queimar calorias e buscar perda de peso…”; ainda assim os benefícios não conseguem superar os prejuízos que os TA causam ao indivíduo.
Na busca pelo “corpo ideal”, a anorexia nervosa (AN) e a bulimia nervosa (BN), veem a atividade física como uma prática compensatória. Pois controla e/ou reduz o peso, aumenta o gasto energético de maneira errônea, porque em sua maioria estão associados ao uso de diuréticos, laxantes, prática de vômito auto induzido.
Somado a esses aspectos, têm-se a importância de analisar se existe um engajamento disfuncional (disfarçado por um discurso de saúde) com auto cobrança, perfeccionismo exacerbado ou um desejo de compensar calorias ingeridas, seguido de medo intenso de engordar.
Adkins e Keel (2005), concluíram um estudo realizado para investigar se a prática de exercícios predizia sintomas de TA e concluíram que sim, pois há uma auto cobrança, uma compensação entre atividade realizada e calorias ingeridas, pois o medo de engordar sempre estará no comando. Esse evento pode ocasionar uma distorção na real função da atividade física, porque ao invés de se buscar qualidade, conforto e saúde, prioriza-se o não ganho de peso por uma prática de atividade física de modo errôneo como meio de se atingir esse objetivo. É um quadro difícil de ser diagnosticado, mesmo por profissionais da saúde, até porque há sim uma contribuição do exercício em prol da doença, o que consequentemente mascara o verdadeiro quadro clínico em que se encontra o paciente.
Referências:
PHILIPPI, S.T. Transtornos alimentares e nutrição da prevenção ao tratamento. 1º. ed.
Manole: S. Paul, 2020. 546p.
Como referenciar este post?
VIDO, Rhaysa. Transtornos alimentares e atividade física. Post 461. Nutrição Atenta. 2021.
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