Hormônios x mulheres atletas: Quanto a nutrição pode influenciar?
É notório como a quantidade de mulheres atletas vem aumentando significativamente nos esportes de modo geral. O que sem sombra de dúvidas é muito satisfatório, visto que elas estão ganhando espaço, visibilidade e quebrando além de tabus e recordes. Embora ainda haja uma lacuna sobre os estudos pertinentes, por exemplo, sobre a fisiologia específica da mulher atleta: o ciclo menstrual, gravidez, menopausa e seus impactos na performance ainda há muito trabalho pela frente.
NUTRIÇÃO
Rhaysa Camilla Vido
10/5/20254 min read
O corpo feminino possui características físicas, fisiológicas, hormonais e funcionais específicas. Ao considerar as demandas hormonais, destacam-se fases exclusivas da mulher, como a ovulação, a gestação e a lactação. A fertilidade está diretamente relacionada ao maior acúmulo de gordura no organismo feminino, essencial para essas funções. Por outro lado, níveis excessivos de gordura corporal estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. Em contrapartida, um percentual muito baixo de gordura pode comprometer a ovulação e a fertilidade. Além disso, com o avanço da idade, a gordura corporal tende a aumentar progressivamente, enquanto a massa muscular permanece relativamente estável até cerca dos 45 anos.
Foi constatado que as mulheres consomem menos calorias do que o recomendado, especialmente em relação aos carboidratos. Essa deficiência pode causar interrupções no ciclo menstrual, prejudicar o desempenho físico, comprometer a massa óssea e aumentar o risco de lesões e osteoporose.
A nutrição se torna um dos pilares essenciais para melhorar o desempenho de atletas mulheres, compreender suas necessidades energéticas e como o metabolismo dos macronutrientes pode influenciar sendo fundamental para a manipulação do balanço energético com o objetivo de aumentar a massa magra ou reduzir a gordura corporal: visando melhorar força, velocidade ou potência no âmbito esportivo.
Pedregal, Medeiros e Silva (2017), citam que mensalmente, o organismo da mulher é submetido a várias mudanças hormonais, entre elas as secreções de progesterona e estrogênio, sendo estes considerados os principais hormônios da mulher. Entender o ciclo menstrual e sua fisiologia é de grande importância para uma melhor compreensão das modificações biológicas que ocorrem a cada fase do ciclo e a repercussão sobre o organismo feminino (Fermino et al, 2011).
Segundo Kami, Vidigal e Macedo (2017), estudos sugerem que os hormônios sexuais femininos, podem atuar sobre neurotransmissores como o GABA (Ácido Gama Aminobutírico), serotoninas e glutamato, desempenhando alteração na percepção sensorial e nas respostas motoras. Além disso, destacam que estrogênio e progesterona atuam sobre a capacidade aeróbia e anaeróbia, força muscular, postura, na ação neuromuscular bem como na alteração de tecidos moles, com redução na síntese de colágeno nos tendões.
Durante o período pré-menstrual as mulheres apresentam maior desejo por alimentos ricos em açúcar, sódio, gorduras, tais como chocolates, sobremesas, lanches, de acordo com Souza et al. (2018), eles ainda ressaltam que a preferência por alimentos doces está ligada à recompensa fisiológica, maior movimento do triptofano, precursor da serotonina para o cérebro, ocasionando sensação de relaxamento e bem-estar. Mencionam ainda o uso de frutas como estratégia para suprir o corpo com minerais como cálcio, magnésio, potássio, zinco, triptofano, piridoxina, além do aporte de fibras que melhoram sintomas da TPM como mau funcionamento intestinal.
Em um estudo realizado por Santos et al. (2020), demonstrou-se que ao utilizar uma combinação de alimentos ricos em flavonoides como maracujá, maçã e camomila, obtiveram excelentes resultados no manejo de estados de ansiedade, irritabilidade e nervosismo, uma vez que esses fitonutrientes atuam diretamente no SNC, com ações semelhantes àquelas desempenhadas pelo GABA, além de modular o processo inflamatório, reduzindo a síntese de eicosanóides entre eles a prostaglandina.
Ramalho, Carvalho e Ayub (2024), concluem que as mulheres atletas requerem demandas energéticas adequadas para as diversas modalidades, tanto na fase de treinamento como de competição e recuperação para que mantenham força, potência e resistência.
Referências bibliográficas
FERMINO, R. C.; LOUREIRO, S.; DIAS, I.; SALES, D.; ALESSI, I.; SIMÃO, R. Efeito das diferentes fases do ciclo menstrual no desempenho da força muscular em 10RM. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Brasília, v. 17, n. 1, p. 4‑?, fev. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/bshCYF4srGTyz3pgXGjX99K/. Acesso em: 08 ago. 2025.
KAMI, A. T.; VIDIGAL, C. B.; MACEDO, C. D. S. G. Influência das fases do ciclo menstrual no desempenho funcional de mulheres jovens e saudáveis. Fisioterapia e Pesquisa, v. 24, p. 356–362, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/fp/a/VZtNZSQghp7YYP8ZjDbNSKg/. Acesso em: 08 ago. 2025.
PEDREGAL, K. A. C.; MEDEIROS, K. B.; DA SILVA, J. A. C. Análise da força muscular e escolhas dietéticas de mulheres fisicamente ativas durante o ciclo menstrual. RBNE - Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 11, n. 64, p. 507-515, 18 jun. 2017. Disponível em: https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/847. Acesso em: 08 ago.2025.
RAMALHO, C. C.; CARVALHO, N. M. S. DE; AYUB FERREIRA, P. Os impactos do ciclo menstrual na performance de atletas eumenorréicas: uma revisão da literatura. RBNE - Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, v. 18, n. 109, p. 242-252, 17 mar. 2024. Disponível em:https://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/2287. Acesso em: 08 ago.2025.
SANTOS, C. C. D.; ALBERTON, O.; BELETTINI, S. T.; DONADEL, G.; DALMAGRO, M.; OTENIO, J. K.; PINC, M. M.; SABEC, G. Z.; LOURENÇO, E. L. B. Alternative treatment of premenstrual syndrome with chamomile, apple and passion fruit. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 10, p. e2929108702, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i10.8702. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/8702. Acesso em: 08 ago. 2025.
SOUZA, Luciana Bronzi de; MARTINS, Karine Anusca; CORDEIRO, Mariana Morais; RODRIGUES, Ymárdila de Souza; RAFACHO, Bruna Paola Murino; BOMFIM, Rafael Aiello. Do Food Intake and Food Cravings Change during the Menstrual Cycle of Young Women?. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 40, n. 11, p. 686‑692, nov. 2018. DOI: 10.1055/s‑0038‑1675831. Disponível em: https://journalrbgo.org/article/do-food-intake-and-food-cravings-change-during-the-menstrual-cycle-of-young-women/. Acesso em: 08 ago. 2025.
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