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Colina e seus efeitos na gestação

Atualizado: 5 de nov. de 2022


A gestação é um período caracterizado por alterações fisiológicas, hormonais e emocionais. É importante destacar que essas alterações são necessárias para que o organismo da mãe consiga atender as demandas desse período e preparar o corpo para o trabalho de parto e a para a lactação.


No período gestacional, o acompanhamento nutricional é imprescindível, pois para que a mãe geste seu filho com saúde plena é necessário promover condições nutricionais adequadas. É sabido, que a gravidez é um momento marcado por um intenso anabolismo, com aumento das necessidades nutricionais, assim como marcado pela vulnerabilidade nutricional, em caso de má alimentação, que pode levar a desequilíbrios nutricionais1.


Nesse sentido, o aporte energético e a ingestão de diversos macro e micronutrientes são necessários para garantir a saúde da mãe e do feto, minimizar os desfechos prejudiciais na gestação como defeitos congênitos, parto prematuro, baixo peso ao nascer, problemas neurológicos e outros2.

Assim como os aminoácidos essenciais, ácidos graxos, vitaminas e minerais, a colina (vitamina B4), conhecida como uma vitamina do complexo B, são essenciais para manutenção da saúde materna e fetal3.


Pesquisas demonstraram que a colina é essencial para o funcionamento adequado do fígado, músculo e cérebro, assim como para o metabolismo lipídico, composição e reparo da membrana celular. Estudos em animais e em humanos demonstraram o seu efeito neuroprotetor4.


A colina é necessária para síntese de acetilcolina, fosfolipídio, que contribuem para integridade estrutural da membrana celular. Também, ela é um precursor da betaína, que participa da metilação da homocisteína para formar metionina5.


Na gestação, colina é passada para o feto, via placenta. A Ingestão abaixo do recomendado durante esse período pode acarretar diversos problemas, como por exemplo, o aumento em quatro vezes o risco de defeitos no tubo neural e o surgimento de fissura labial é aumentado em duas vezes no bebê6.


A fosfatidilcolina (um fosfolipídio), onde a colina é precursor, é um componente importante das membranas celulares, sendo de importância ímpar na divisão e no crescimento celular, em especial para o cérebro fetal, que ocorre durante o sexto mês de gravidez até os 3-5 anos de idade7.


A colina é igualmente importante para produção de esfingomielina, um fosfolipídio presente no tecido nervoso, necessário para mielinização das fibras nervosas (axônios), importante para o desenvolvimento cerebral do neonato8.


Recentemente, a Academia Americana de Pediatria e a Associação Médica Americana passaram a orientar a ingestão de colina durante a gravidez e lactação, assim como reconheceram que a ingestão de colina abaixo das recomendações adequadas durante os primeiros 1000 dias pós-concepção pode resultar em déficits na função cognitiva no feto e no bebê em desenvolvimento9.


O organismo humano produz pequenas quantidade de colina, não sendo, portanto, suficiente para suprir as demandas metabólicas, devendo, portanto, ser adquirida por meio da alimentação e/ou da suplementação de micronutrientes10.


A colina está presente tanto em alimentos de origem animal e vegetal. Dentre os alimentos que contém colina estão11:

Com relação as leguminosas como feijões e lentilhas, essas têm uma quantidade boa de colina, mas o método de cozimento parece reduzir os teores desse micronutriente12.


Com relação à suplementação de colina, a orientação atual pela Autoridade Europeia para Segurança dos Alimentos – EFSA, é no sentido de que a ingestão adequada seja de 400mg/dia para adultos saudáveis. No entanto, para as gestantes a ingestão adequada é de 480mg/dia. Para lactação exclusiva, a recomendação é de 520mg/dia13.


Assim, a colina mostra-se como um nutriente neurocognitivo, que exercer um papel fundamento no desenvolvimento neurológico e cerebral adequados, em especial no feto e no neonato, nesse sentido uma alimentação adequada em rica em alimentos fontes de colina é essencial para prevenir agravos na gestação.


REFERÊNCIAS


1-CARREIRO, Denise M., CORREA, MAYARA M. Mães Saldáveis têm filhos saudáveis, 4ª Ed., São Paulo, SP, 2016, p. 10-29.

2- FREITAS, E. S. ; DAL BOSCO, S. M.; SIPPEL, C. A.; LAZZARETI, R. K. Recomendações nutricionais na gestação. Revista Destaques Acadêmicos, CCBS/UNIVATES, a. 2, n. 3, p. 81-95, 2010.

3 BISWAS, S., Giri S. Importance of choline as essential nutrient and its role in prevention of various toxicities. Prague Med. Rep. 2015;116:5–15.

4 – SHAW, GM et. al. Choline and risk of neural tube defects in a folatefortifi ed population. Epidemiology. 2009; 20(5): 714-9.

5-WIEDEMAN, A.M., et. al. Dietary choline intake: Current state of knowledge across the life cycle. Nutrients. 2018;10:1513. doi: 10.3390/nu10101513.

6-BLUSZTAJN,JK, SLACK, EB, MELLOTT, TJ. Neuroprotective Actions of Dietary Choline: review. Nutrients. Boston. 2017; 9(8): 815. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC5579609/pdf/nutrients-09-00815.pdf. Acesso em: 03 out. 2020

7-CAUDILL, M.A. Pre-and postnatal health: Evidence of increased choline needs. J. Am. Diet Assoc. 2010;110:1198–1206.

8- HANNUN,Y.A., OBEID, L.M. Principles of bioactive lipid signalling: Lessons from sphingolipids. Nat. Rev. Mol. Cell Biol. 2008;9:139–150. doi: 10.1038/nrm2329.

9- WALLACE, Taylor C., et al. Choline: The Neurocognitive Essential Nutrient of Interest to Obstetricians and Gynecologists. Poblished on line: 6, aug, 2010, p. 733-753. Diponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19390211.2019.1639875 . Acesso em: 1, set. 2022.

10- MANZOTTI, C. A. Colina – fonte de saúde. Trabalho de conclusão do curso. Habilitação em Medicina Biomolecular. São Paulo: 2011. Disponível em: . Acesso em: 02 mar. 2017.

11-ZEISEL, S.H., et. al. Concentrations of choline-containing compounds and betaine in common foods. J. Nutr. 2003;133:1302–1307. doi: 10.1093/jn/133.5.1302

12- LEWIS, E.D., et. al. Total choline and choline-containing moieties of commercially available pulses. Plant Foods Hum. Nutr. 2014;69:115–121. doi: 10.1007/s11130-014-0412-2.

13-EFSA Dietary reference values for choline. EFSA J. 2016;14:4484.


Como referenciar esse post?


SCORSAFAVAFA, Claudia. Colina e seus efeitos na gestação. Post 327. Nutrição Atenta. 2022.

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