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Diabetes Mellitus na Gestação: causas e diagnóstico


O Diabetes Mellitus Gestacional - DMG ocorre quando há qualquer grau de intolerância à glicose que resulta em hiperglicemia, sendo diagnosticada pela primeira vez durante a gestação.


O DMG é uma das alterações metabólicas mais comuns que pode ocorrer no período gestacional. Dependendo dos critérios utilizados para o diagnóstico dessa patologia a sua prevalência pode chegar até 25% das gestações. No Brasil, essa prevalência pode atingir até 7,6%. Em muitos casos, após o parto, a glicemia volta ao normal, mas é importante ressaltar que em torno de 10 a 63% das gestantes têm o risco de desenvolver o diabetes mellitus tipo 2, dentro de cinco a dezesseis anos após a gravidez.


Compreender a fisiopatologia do DMG é importante para poder prevenir essa patologia. A gestação é um momento marcado por transformações, especialmente no que se refere à demanda e ao processamento dos nutrientes originados dos alimentos, visando garantir o desenvolvimento do feto.


Na fase anabólica, ou seja, no primeiro trimestre de gestação a mãe tem uma sensibilidade aumenta à insulina fazendo com que os níveis glicêmicos se mantenham em níveis adequados. Nessa fase, a glicose é passada para feto por difusão facilitada sem gasto de energia. Na fase catabólica, isto é, no segundo e terceiro trimestre essa sensibilidade diminui podendo resultar em níveis elevados de glicose no sangue, levando ao surgimento do DMG.


Alterações nos níveis de alguns hormônios durante a gestação contribuem para o surgimento do DMG. O hormônio Lactogénio placentário humano (Hlp) atua de forma antagônica a da insulina, ou seja, contribui para o decréscimo da tolerância da célula à glicose levando ao hiperinsulinismo. A progesterona, o estrogênio e o cortisol, apesar de seus benefícios para o desenvolvimento fetal, por seus efeitos anti-insulínicoscontribuem para reduzir a absorção de glicose, podendo levar ao DMG.


Fatores como o sobrepeso e obesidade pré-gestacional, assim como o ganho de peso excessivo durante a gestação, o diagnóstico de síndrome do ovário policístico – SOP, idade materna avançada, baixa estatura (menor de 1,5m), história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau também são considerados causas que podem resultar em DMG.

A resistência à insulina, decorrente de causa inflamatórias como o fator de necrose tumoral alfa (TNFa), a Interleucina 6 (IL6) e outras citosinas como a leptina, quando diagnostica antes da mulher engravidar, também pode ser uma das causas do DMG.


O rastreamento do DMG deve ser realizado em todas as gestantes mesmo sem tem casos na família dessa doença. Na primeira consulta pré-natal deve ser solicitado o exame de glicemia de jejum. Se os valores de glicemia de jejum foram maior que 92mg/dL e menor que 126 mg/dL, considera-se o diagnóstico de DMG. Nesse caso, a gestante deve repetir o exame para confirmar o diagnóstico, que, em caso de confirmação, deverá iniciar o tratamento e ser reavaliada no segundo trimestre.


Entre a 24ª e a 28ª semana a gestante deve fazer o teste de tolerância a glicose – TOTG, mesmo sem diagnóstico de DMG. Para realização desse exame é recomendado que a gestante tenha uma dieta sem restrição de carboidratos ou com ingestão mínima de 150g nos três dias que antecedem o teste, devendo ainda estar em jejum de oito horas.

Apesar de não haver um consenso quanto aos valores estabelecidos no teste de tolerância a glicose – TOTG (com ingestão de 75g de glicose) para o diagnóstico do DMG, os resultados mais utilizados para esse diagnóstico são os da Sociedade Brasileira de Diabetes-ADA, da American Diabetes Association e a da Organização Mundial da Saúde, que estabelecem:

Em resumo, o DMG é diagnosticado no segundo trimestre quando a glicemia de jejum da gestante estiver entre 92mg/dL e 125mg/dL e/ ou a glicemia de 1 hora for maior que 180mg/dL e/ou a de 2 horas estiver entre 153mg/dL a 199mg/dL.

A terapia nutricional no tratamento do DMG tem por finalidade propiciar uma alimentação equilibrada, além de promover o controle glicêmico, minimizar os distúrbios metabólicos que podem resultar em agravos para saúde de ambos, mãe e feto. Nesse sentindo o acompanhamento nutricional individualizado é de importância ímpar tanto para a saúde materna, quanto para a formação e desenvolvimento do feto.



Referências:


1 United Nations. Diagnostic Criteria and Classification of Hyperglycaemia First Detected in Pregnancy. World Heal Organ [Internet]. 2013;1–63. Available from: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/85975/1/WHO_NMH_MND_13.2_eng.pdf


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3 REICHELT, A.J. et al. Fasting plasma glucose is a useful test for the detection of gestational diabetes. Brazilian Study of Gestational Diabetes (EBDG) Working Group. Diabetes Care; 21:1246-9, 1998.

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9 SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes mellitus gestacional: diagnóstico, tratamento, e acompanhamento pós-gestação. Diretrizes SBD, 2014-2015.


10 SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes mellitus gestacional: diagnóstico, tratamento, e acompanhamento pós-gestação. Diretrizes SBD, 2014-2015.


Como referenciar esse post?


SCORSAFAVAFA, Claudia. Diabetes Mellitus na Gestação: causas e diagnóstico. Post 239. Nutrição Atenta. 2022.

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