Suplementação de vitamina B12: O que dizem as evidências sobre cognição, depressão e fadiga?
- Sabrina Kaely
- 1 de abr.
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Uma revisão sistemática com meta-análise revisou como a suplementação de vitamina B12 afeta a função cognitiva, os sintomas depressivos e a fadiga idiopática, ou seja, sem causa. Essa vitamina é frequentemente usada para estas queixas, mesmo na ausência de uma deficiência grave.
A pesquisa analisou diversos ensaios clínicos randomizados com um total de mais de 6 mil participantes. Dos 16 estudos incluídos, três investigaram B12 sozinha versus um placebo, doze estudaram o complexo B versus um placebo, e um estudo investigou B12 sozinha versus o complexo B versus um placebo.
Os anos de publicação variaram de 1996 a 2019, a idade média dos pacientes variou de 66 a 82 anos, a duração média do tratamento variou de 4 a 117 semanas e os períodos médios de acompanhamento variaram de 8 a 117 semanas. Os autores ainda analisaram o risco de viés dos estudos, utilizando a ferramenta Cochrane, a qual demostrou baixo risco de viés dos estudos. A ferramenta GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development, and Evaluation) foi aplicada na avaliação da qualidade da evidência dos estudos incluídos e uma meta-regressão foi aplicada para explorar associações dos efeitos do tratamento com potenciais moderadores.
Os principais achados do estudo incluem:
1. Eficácia Limitada: não foram encontrados efeitos significativos da suplementação de vitamina B12 em nenhuma das subcategorias relacionadas à função cognitiva, sintomas depressivos ou fadiga.
2. Absente de Benefícios em Funções Cognitivas: Apesar da ampla investigação, não houve evidências que apoiassem a eficácia da suplementação de vitamina B12 na melhora de funções cognitivas específicas.
3. Falta de Evidência Sobre Fadiga: A disponibilidade de evidências de alta qualidade sobre a eficácia de B12 para a fadiga é escassa, impossibilitando conclusões robustas a respeito dessa questão.
4. Meta-regressão sem Significância: A análise de meta-regressão não revelou associações significativas entre os efeitos do tratamento e variáveis como níveis basais de vitamina B12, tipo de intervenção, duração do tratamento ou características da população, indicando que esses fatores não influenciaram a eficácia observada.
Com base nesses resultados, os autores concluíram que a suplementação de vitamina B12 em idosos com níveis séricos normais ou subclínicos da vitamina e sem distúrbios neurológicos avançados não apresenta benefícios para o funcionamento cognitivo nem para sintomas depressivos, com evidências de alta qualidade sustentando essa ausência de efeito. Em relação à fadiga idiopática, a revisão identificou uma escassez de evidências, tornando inconclusiva qualquer recomendação. Assim, os achados desta revisão sistemática desencorajam o uso de suplementação de vitamina B12 com o objetivo de melhorar a função cognitiva ou reduzir sintomas depressivos.
Referência
Markun, Stefan, Isaac Gravestock, Levy Jäger, Thomas Rosemann, Giuseppe Pichierri, and Jakob M. Burgstaller. Effects of Vitamin B12 Supplementation on Cognitive Function, Depressive Symptoms, and Fatigue: A Systematic Review, Meta-Analysis, and Meta-Regression. Nutrients 13, no. 3: 923. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.3390/nu13030923
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MACHIAVELLI, Sabrina Kaely Vital. Suplementação de vitamina B12: O que dizem as evidências sobre cognição, depressão e fadiga?. Post 727. Nutrição Atenta.